CAVALOS CORREDORES A VERDADEIRA HISTÓRIA

Esta é uma narrativa inspirada em incrível injustiça perpetrada contra o autor, conforme ele mesmo narra e documenta. E texto polêmico, que traduz a ambiguidade de uma sociedade pós-abertura política forjada em absurda anomia e espantosa hipocrisia, especialmente no Rio de Janeiro, cuja sociedade é incrivelmente vitimada por uma criminalidade anônima, fraudulenta, cruenta, impune e detentora de inegável poder político-eleitoral.
Projetada para o mundo, a chacina de 21 pessoas na Favela de Vigário Geral, em 31 de agosto de 1993, fez surgir dos meandros sombrios da comunidade de informações da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro uma célere solução fundada apenas no testemunho único (de ouvir dizer de terceiros) de um facínora do Comando Vermelho, apresentado pelo sistema oficial como “testemunha-chave”, codinome “I”, e acolhido como pessoa idônea, mas que, na verdade, possuía e encobria em silêncio uma tenebrosa carreira de crimes de fraude e sangue que lhe resultaram inúmeras condenações judiciais.
No bojo de um método investigativo inusitado, inaugurado pelos arapongas da comunidade de informações da Polícia Militar, emergiu do nada um neologismo que se tornaria mundialmente famoso: os Cavalos Corredores. Com esta denominação sensacionalista instituiu-se uma “quadrilha” de 71 policiais civis e militares, imputando-se-lhes a autoria de uma intrincada rede de crimes e gerando um sem-número de acusações isoladas, todas fundamentadas no testemunho mentiroso do facínora “”, como posteriormente esclareceram dezenas de sentenças judiciais, especialmente as que inocentaram o autor, um dos mais sacrificados pelo rolo compressor governamental-midiático-pedetista, a ponto de lhe destruir a saúde, a par dos incalculáveis prejuízos morais, sociais e familiares.
Demonstrando, porém, garra incomum, o autor vem ao longo dos anos traçando seu real caráter por um dos caminhos mais nobres que se conhece: a arte literária. Lançou, com sucesso, cinco romances e uma coletânea de contos abordando o drama do favelado e do policial-militar. Também enveredou pela literatura infanto-juvenil descortinando rara habilidade em escrever e sensibilidade ímpar, perfil diametralmente oposto ao que lhe traçaram mediante falsas acusações que até hoje lhe resultam imagem negativa.
Agora, todavia, ele põe de lado a ficção e parte com ímpeto surpreendente ao contra-ataque, por meio de uma não-ficção que dará o que falar. Este livro, como o próprio autor nos informa, é só o começo de um novo Vesúvio a explodir em fogo e lava de indignação. E a impressão que nos deixa o texto, cuja dinâmica garante ao leitor forte impacto emocional, além de aguçar sua reflexão sobre esta anômala sociedade que habita o Estado do Rio de Janeiro. Que a narrativa, de responsabilidade exclusiva do autor, diga o resto!
Os editores