UTOPIA

Madrugada, três horas, acordo sobressaltado por um sonho incomum. Sonhei com um papagaio pensando e falando em todos os idiomas e dialetos existentes no planeta Terra. E sobrevoava este mundo tal qual um Anjo-mensageiro, deixando no Céu um rasto de luz igual à cauda cintilante de um cometa. As imagens, lindas, voavam numa rapidez incrível, como as de um filme rodado à velocidade da luz, tão veloz que logo as devo registrar, senão corro o risco de perdê-las, pois assim já me ocorreu outras vezes. Mas, antes, devo indagar: “Por que sonhamos? …. Por que muitos gracejam dos sonhos? …. Por que alguns não sonham e ainda duvidam de que possamos sonhar? ”
Os apologistas do ceticismo garantem que os sonhos são lembranças de fatos anteriores retidas no inconsciente. Emergem enquanto dormimos, ou seja, algo puramente material, talvez físico, talvez químico, ou ambos, não sei. Mas, então, por que sonhamos com o irreal? Serão os sonhos irreais? Creio que não. Tenho comigo que muito dele são avisos de tão profunda subjetividade que não nos permitem pensar, como os descrentes, no nosso cérebro funcionando apenas como um computador e os neurônios como meros bytes.
Ignorando o pirronismo cruel dos que não crêem, vou tentar contar um sonho que tive. É certo, porém, que não mais saberei reproduzi-lo na íntegra. E posso novamente ser vencido pelo sono e não mais sonhar, arriscando-me a perder o que foi sonhado. Sim, caro leitor, qualquer que seja a sua idade, digo-lhe sinceramente que acredito em sonhos. E creio que muitas realidades surgem dos sonhos. Exemplos? … O submarino de Jules Verne, na obra-prima VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS, ou os foguetes de Flash Gordon acoplando-se a outros no espaço sideral.
Ainda criança, pelos idos de 1954, aos dez anos de idade, eu não perdia um só domingo de diversão no cinema Coliseu, na cidade de Campos dos Goytacazes, Norte do Estado do Rio de Janeiro. E vi muita ficção intersideral como um sonho de alguém até então impossível de se realizar. Depois vivi para ver o homem pisando na Lua, ou acoplando foguetes como na ficção que vi menino. Para mim, bastam estes exemplos. Talvez até um só bastasse, pois é certo que citei o segundo para tentar vencer o ceticismo de alguns teimosos em demasia. Não me custa sonhar com isso…
Contudo, vou ignorar os descrentes e registrar o meu sonho para os que creem, porque para os céticos talvez nenhuma explicação lhes servirá. Para os crentes, porém, o sonho é algo mais, é divino, é sobrenatural, é obra de Deus. Sonharei, pois, até mesmo acordado. E não sonharei limitado, porque o sonho leva-nos às longínquas estrelas…. Vou até elas, com os meus olhos voando em velocidade incrível; ou as trarei a mim através deles, porque vejo o infinito, vejo a casa das estrelas, aonde as máquinas um dia irão…. Por que não, se o pensamento e a poesia já as alcançaram há tanto tempo? … Mas não quero ir somente às estrelas. Afinal, isto é apenas um sonho pequeníssimo. Sonho, sim, com algo muito maior do que simplesmente alcançar as estrelas: almejo um mundo melhor.
Desculpem-me, portanto, os pobres de espírito, porque agora vou contar o meu sonho, e crendo piamente em sua concretização. E não terei nenhum pejo em tentar convencer os humanos de que os animais sonham. É verdade. Os animais também sonham. E, muitas vezes, falam…. Ih, será que já comecei a sonhar acordado? É hora de começar a contar o sonho. Que Deus me inspire!