A banalidade do homem mau

Em luto pela recente morte do pai e preparado para ficar algum tempo longe de casa, Rafael deixa sua rotina metropolitana solitária e parte rumo ao profundo interior paulista para cuidar de pendências do falecido — uma fazenda na isolada região rural onde costumava passar férias na infância. As coisas mudam de figura quando Rafael é quem encontra o corpo de uma jovem assassinada de modo brutal. Inevitavelmente, ele se torna parte da investigação, e sua estadia ganha novas motivações.
Imerso nesse ambiente estranhamente pessoal, Rafael se sente soterrado por sentimentos antigos, como o anseio da aprovação do pai e a expectativa velada de manter um legado, e passa a se ver envolvido com o acontecido trágico, a ponto de ansiar participar paralelamente da busca por pistas. Ele conhece a equipe policial responsável pelo caso e encontra pessoas do passado com as quais tem de retomar relações, como seu tio paterno, que chega na fazenda após descobrir sobre o falecimento do irmão, e uma namorada de infância, também irmã da vítima. Tudo isso enquanto tenta cuidar dos interesses da família e se afunda progressivamente no mistério do assassinato.
Conforme avança com seu repentino foco na investigação, ele não consegue impedir que seu luto e os fantasmas do passado, ambos ainda bastante presentes em seu psiquismo, emerjam e encontrem modos de convergir com a tragédia recente, e tem de lidar com antigas feridas que pensava já ter superado. Assim, para ser coerente com a responsabilidade que criou para si, ele precisa assegurar que o crime será solucionado, atravessar a complicada fase do luto e compreender as obscuras ramificações de problemas que nunca o deixaram.