Às Margens do Arabê: O ouro de S. Benedito

Trata-se de um romance histórico e regionalista, cujo cenário é a região da Ibiapaba, no Estado do Ceará, divisa com o Estado do Piauí, desde a chegada dos jesuítas à região para colonizá-la e catequizar os indígenas, sobretudo os Tabajaras, que eram em maior quantidade e que ajudaram, através de suas lideranças, tais como: Jacó de Sousa e Castro, Irapuã e Juripariguassu, os portugueses a estenderem, a partir da Aldeia da Ibiapaba (Vila Viçosa Real), atualmente Viçosa do Ceará, seus domínios por toda a Serra Grande, o que perdurou mesmo após a expulsão dos jesuítas com a instalação do Diretório Pombalino. Em decorrência dos riscos de perderem suas terras muitos tabajaras deixaram Viçosa, a exemplo do índio Jacó, homônimo e filho do governador dos índios, Jacó de Sousa e Castro, vindo ter às margens do Rio Arabê, onde igualmente esteve Pero Coelho de Sousa e Martim Soares Moreno. Ali ele edificou um povoado a que deu o nome de S. Benedito. Mesmo instalado nessa novel terra, ainda corria o risco de perder suas possessões, bem como todos os tabajaras de São Benedito, razão pela qual intentará ao lado de sua filha Nadi e de Cabuçu, seu genro, encontrar o ouro perdido dos tabajaras, trazido desde próximo ao riacho Ipuçaba, que dá origem à bica do Ipu, por Iracema e Martim, em sua fuga de Irapuã, contando o casal com a ajuda de Poti. O ouro foi escondido em S. Benedito e durante muito tempo protegido pelo capitão Miranda, descendente do índio Jacó, sendo filho de Nadi e de Cabuçu. Com sua morte o ouro permanece até hoje ocultado no templo católico que era erguido na época da presença do botânico Freire Alemão no povoado de S. Benedito, em 1860, que teve contato direto com o capitão Miranda, com o padre João Crisóstomo de Oliveira Freire e com o capitão Carapeba, dentre outras importantes personagens da história de São Benedito. O livro é muito mais do que meramente um romance histórico e regionalista, é também fonte de pesquisa histórica, pois que traz inúmeras referências, bem como convida a uma reflexão sobre a importância do Meio Ambiente, ao apresentar as belezas naturais da Ibiapaba (fauna e flora) e sobre a importância da terra para os indígenas, uma vez que desde a ocupação da Ibiapaba pelo portugueses a maior luta dos tabajaras foi pela preservação de suas terras.