O Último Ato

2 avaliações para O Último Ato

1. 

   Avaliação 5 de 5

   Viviane Ferraz – 26/03/2024

   Traz a história de uma jovem, que passa por muitos infortúnios na vida, e que precisa fugir da própria família, pois não aguentava mais sofrer agressões, tanto físicas quanto verbais, entretanto, a vida fora da zona rural também se mostrará árdua e cheia de desgostos. Nossa protagonista correrá perigos, conhecerá pessoas de má índole, e passará inúmeros perrengues, em busca de sua tão sonhada liberdade.

   Um enredo polêmico, que carrega em suas linhas temáticas riquíssimas, desde 4bu$0 doméstico, quanto $3xu4l, alc00lism00, 4b0rt0, até mesmo, questões ideológicas relacionados a religião, e a própria essência humana.
   Uma história complexa, com Plot Point de deixar os cabelos em pé, tem uma reviravolta atrás da outra, quando pensamos que a situação não pode piorar, se prepare para o spoiler, porque vai piorar! E tudo isso, vem acompanhado de um Plot Twist sem precedentes, que vai fazer você surtar.
   Um livro “sem papas na língua” e extremamente forte, com ponderações importantes e relevantes para a sociedade como um todo, retrata a devassidão da sociedade e daqueles que se dizem religiosos, e retrata o mundo de maneira realista e profunda, demonstrando o caráter ambíguo das pessoas. Inclusive, enfatiza o verdadeiro preço de cada um, pois todos temos um preço.
   Uma narrativa surpreendente, que supera qualquer expectativa.

2. 

   Avaliação 4 de 5

   Adriano Novais Soares – 04/05/2024

   “Atrás de todo paladino da moral, vive um canalha!”

   Ela sofre com um pai abusivo, uma mãe ultra-religiosa e negligente, e irmãos sem compaixão, enquanto se divide entre a escola, o trabalho duro na fazenda e a frequente violência daqueles que deviam lhe proteger. Assim conhecemos a protagonista desta história. Ela, que ainda não é nomeada, – talvez para mostrar a desimportância que carrega aos olhos dos pais – sofre diariamente, mas sofre ainda mais por saber que aquele não é o seu lugar.

   Então ela cresce, se descobre como mulher, mas ainda não lhe é permitida a felicidade, pois tão logo ela consegue fugir de um sofrimento, é atirada a outro; um tipo de abuso então desconhecido. Tenta seguir com a vida, mas em outra virada do destino, ela se vê presa em um convento, para enfim concluir que não há santos na Terra.

   O Último Ato tem linguagem simples e direta, sem rodeios, e mostra o que muitas outras obras não se arriscariam mostrar: violência doméstica, abusos físicos e psicológicos, além de uma dose de hipocrisia religiosa, evidenciada através do sarcasmo recorrente da autora. A narração é, majoritariamente, em primeira pessoa, e apesar soar intrusiva às vezes, – quase nos dizendo o que sentir – ela se mostra eficaz.

   A protagonista é real em seus medos, receios, amores, dores e erros; visto que a autora não nos dá uma personagem perfeita, longe disso. Contudo, nos afeiçoamos a ela, pois queremos que em algum momento, sua jornada a leve para um lugar de felicidade.

   O final é inesperado, nos concedendo contentamento, mas talvez também um alerta para como passados duros constroem futuros escuros.

   Positivos:
   — A protagonista é verossímil
   — A autora manteve o mistério desde o início da narrativa
   — A escrita não é pomposa, o que faz da leitura mais divertida

   Negativos:
   — Alguns dos personagens têm estilos de fala que não condizem com a realidade apresentada no livro
   — Diálogos um tanto expositivos e outros sem reação
   — Alguns personagens são meros enfeites ou não têm finalizações

   O Último Ato é um livro interessante, que busca evidenciar as entranhas do conservadorismo, através de uma narrativa rápida e uma protagonista intrigante. Vale a leitura.