Opúsculos Sobre o Suicídio e Outras Sortes

Sou um escritor profícuo, ou seja, escrevo muito. Talvez escreva demais, mais do que possam admitir, aceitar ou mesmo assimilar. Não sou formado em nada, nunca – ao menos até hoje – nenhum prêmio literário. Sou um filósofo da rua, ou até mesmo que isso, já que minha filosofia se encerra entre as quatro paredes da minha casa, alcançando no máximo, como quebra da quarta, a publicação em um dos meus blogs. Durante muitos anos fui usuário contumaz de redes sociais, particularmente Facebook, até perceber que não pretendia entregar minha alma, ou qualquer coisa que se pareça com isso, mas que chamo de meu tempo e sanidade.
Os textos presentes neste livro, num total de 63, não apenas por esse numero coincidir com a minha idade no momento, mas por representar cada um deles um ano da morte que sempre experimentei, desde que escapei de ser apenas restos em uma privada.
A primeira parte são texto curtos, sob a forma de crônica ou poesia em prosa que foram escritos desde 2010, sendo que alguns foram publicados no blog ou no perfil do Facebook. A segunda é uma espécie de apanhado geral sobre o tema suicídio, que resultou numa quase novela filosófica. A ultima, são poemas, a maior parte inéditos, com a temática. São 126 páginas, ou seja: 63 X 2.
Mais que um simples apanhado de textos sobre morte e suicídio, este volume representam a guerra individual que um pensador trava, muitas vezes contra si mesmo. São essencialmente desabafos e pedidos de socorro, jogados numa garrafa que possível se debaterá contra as ondas de um mar insano e revolto, sem nunca atingir uma praia, ou as mãos de algum outro náufrago ou sereia. Possivelmente, como vidro, se partirá em mim pedaços, e o pergaminho dela se desmanchará nas águas salgadas. Ou não.
Seja como for, a garrafa está lançada ao mar, e espero que, aos que eventualmente a encontrarem perdida entre tantos tubarões literários e piranhas assassinas, possam fazer bom uso dele, sabendo que seu autor ainda continua prisioneiro de uma ilha deserta dentro de si próprio. Por mais piegas que isso possa parecer.