Os Stephens “antes do eclipse”

Era 14h30, porém pouco a pouco, se iniciava o escurecer.
Palito e Gordo ficaram sem reação a ver a mudança drástica do clima, o vento era tão intenso que seus diálogos foram engolidos por um som distinto pairar no céu.
Havia algo se movendo.
Não era uma nuvem carregada, todavia ruídos lembrando trovões eram emitidos. Havia forma, no entanto, jamais lembrava as nuvens tão conhecidas desde as aulas de Geografia que, desde pequenos, observavam nos livros. Lá se fora a prancheta repleto de informações dum dia cansativo, roubado pelo vento. Um galho, cujo se repartiu dum arbusto, chocou contra o vidro lateral do Chevrolet, quebrando-o. Palito cobria seus olhos devido a poeira de grama, insetos e tudo que vinha da mata cercá-lo, até perder de vista tudo ao redor, até Dense Place foi engolido pela grande sombra. Algo difícil de acreditar em plena tarde ensolarada.
Ouviu-se um ruído, lembrava um arroto, sei lá, ronco duma barriga, o que se pode descrever ao que os ouvidos poderiam associar, quando algo cobriu o sol. Era 14h40, quando o dia se tornou noite. Breu, nada se via, nem suas próprias mãos diante da face.

O sol retornou, o vento cessou, o conhecido calor estava de volta e lá estava Dense Place e suas ruas tortas, tudo normal como sempre foi. Como deveria ser, se não fosse por aquele Paul
sem olhos, sem nariz, sem boca… sem face.
O vazio duma figura nunca foi tão alarmante como agora. Mesmo sem olhos, ele sentia que o olhava penetrante, ao ponto de tocar a alma de Palito. Sem boca, o som que vinha de seu interior era tenebroso, e pela inexistência do olfato, sua respiração forte, trazia consigo o terror.
Era 17h30 duma Segunda-Feira de 1980, quando um caçador avisou a Delegacia de Dense Place que encontrara algo que nem em seus piores pesadelos imaginou existir. Havia dois corpos, se isso fossem realmente corpos, dilacerados, restando apenas a pele e mais nada; nem ossos, nem órgãos, nada, apenas pele. Após investigação de digitais, tais vestígios mortais pertenciam a Paul Hill e Brandon Giggs, agentes de CDEU.