Mary Morghan

Mary era uma garota linda que se achava madura, centrada. Mas, a realidade não era bem assim. Ela era meiga, mas muito inocente. Uma estudante de ensino fundamental que mal havia entrado na puberdade, aprendia as coisas do mundo. Tinha apenas onze anos e já sentia uma tremenda paixão por um rapaz de seu mesmo bairro, pelo qual estava, perdidamente, apaixonada. Havia entregado seu coração, mesmo sem ele saber ainda.
Ele se chamava John Robert Junior. Era mais velho e mais vivido que ela. Vinha de família humilde, como Mary. Ao vê-lo, já se sentiu encantada, atraída por ele. De início, achou que era só uma coisa passageira, mas com o passar do tempo percebeu que ele era o amor de sua vida.
Sua família tentou abrir seus olhos diante do comportamento de John, mas ela só tinha olhos para ele. O que não sabia era que iniciaria uma sequência de dor e sofrimento em sua vida, que carrega através dos tempos. Tudo devido a um amor que sente, que só lhe traz angústia e dor, por não poder vivê-lo intensamente.
Na época, o rapaz era do mundo. Já bebia e fumava desde menino e andava pelas ruas até tarde, sem respeitar ninguém, nem mesmo sua família. Apesar de tudo, ele era trabalhador, não perdia um dia de serviço duro da roça. Essa era uma característica boa dele. Mary também era de família humilde. Ambas as famílias lutavam pela sobrevivência. Tudo era difícil naquela época.
Mary, não aguentando mais carregar aquele amor dentro de seu peito, pôs a cabeça para funcionar e bolou um plano, para atrair a atenção de seu amado. Sendo assim, lançava olhares, falava auto, cantarolava uma canção, queria sempre estar perto dele. Ela percebeu estar dando certo. Um dia, logo pela manhã, sente tocar o seu rosto uma leve brisa, sentiu seus cabelos esvoaçando, seguido do uivar do vento. Isso, lhe deu uma paz, no entanto sentiu que era a hora. Sendo assim, tomou coragem e foi falar com ele. John, imediatamente, sem pensar duas vezes, aceitou e começaram a namorar. Ela, com toda a ingenuidade e inocência de menina de sua idade. Ele, mais velho, já com experiência.
John logo notou o comportamento dela. Era meio estranho, ora estava bem, ora não, terminava o namoro, com ele e voltava, parecendo fazê-lo de bobo. Também tinha umas conversas das quais ele não gostava, como, por exemplo: fazê-lo comer em suas mãos, ou seja: domesticá-lo, o que na época era difícil. John se achava indomável naquele momento.
Ela o exibia para as outras garotas como se ele fosse um troféu, que orgulhosamente achava ser dela. E foram tantos “termina e volta” em pouco espaço de tempo que uma hora ele se cansou.
John não gostava e, mesmo estando apaixonado, resolveu se afastar. Mas, primeiro, esperou ela terminar, como sempre fazia. Ele já não aguentava mais tais atitudes, que julgava infantis, e não passava segurança. Tinha também a diferença de idade, pois era muito nova. Seus amigos começaram a chamá-lo de papa anjo. Ele não dava importância para o que os outros diziam. Mas, pelas atitudes dela, não valeria a pena se arriscar. E foi exatamente assim que aconteceu.
Ele só não sabia o desfecho que tudo isso causaria, principalmente em Mary, que se sentiu rejeitada. Isso causou muito mal a ela. Além disso, o amor que sentia ficou escondido em seu peito por muito tempo. Até se encontrarem de novo. Após trinta anos, suas vidas se cruzaram novamente, trazendo tudo à tona.

Assim, seguiram os dois, deixando um amor adormecido;
Dentro, do peito sem acalento, que grita na voz do vento;
Mas, os dois se fazem calar, vivendo cada momento;
Acreditando que esse amor possa durar;
Até estarem livres para voar;
E, então, juntos, poderem ficar, um abraço e um beijo selar;
Aquela paixão sentida, no momento de desfrutar;
Um amor para toda a vida.
Boa leitura.
O autor.