Luxúria, o Lobo do Homem

Nas entranhas da miséria humana, onde tragédia e sátira se entrelaçam, surge “Luxúria, o Lobo do Homem”, um retrato cru e visceral do comportamento contemporâneo, repleto de preconceito, mentiras e violência.

Rita, uma mulher dilacerada, busca desesperadamente uma fagulha de vida em meio à sua própria decadência. Quando é humilhada pelo marido e, perdida em uma crise, sua obsessão por um jovem se torna a sua tábua de salvação.

Já Bartolomeu, o marido de Rita, se enxerga dentro de uma prisão, onde deve agir como médico da própria esposa, vigiando-a constantemente com medo dela, a qualquer hora, cortar uma veia importante de seus braços. Respeitado e temido, ele acaba de inaugurar a nova sede de seu restaurante, o Facão Dourado, enquanto tenta fugir de seu martírio envolvendo-se com a jovem amiga de sua filha.

Em meio a esse cenário, Odelon vive em um turbilhão de amor e ódio. O medo de perder seu namorado, Ives, é avassalador, especialmente se for para seu amigo de infância, Bodinho, que o conhece como ninguém e sabe como ele pode ser hostil quando se sente amedrontado. Quando a virilidade de Odelon entra em xeque junto da descoberta de uma traição, a vingança que ele planeja vai desenterrar um segredo e fazer despertarem sentimentos perigosos do passado.

“Luxúria, o Lobo do Homem” é um drama trágico que transcende os limites da realidade. Nessa trama sombria, personagens interligados dançam no palco, envolvidos em amores proibidos, paixões avassaladoras e confrontos entre o amor e o ódio.

Em uma guerra implacável, onde se vitimam inocentes, a verdadeira face da tragédia moderna se revela.

— A análise do revisor: Gabriel Carvalho (@contosdabaiaeletrica)

“Imagina uma história que quanto mais você lê, mais você pensa “não, não tem como ficar melhor”. Essa história é a desse livro. E se por algum motivo você achou que esse livro tem uma história feliz só porque eu disse que ela vai ficando melhor, você está profundamente enganado. Ronaldo Dalbianco não escreveu uma trama feliz, mas sim uma tragédia que faz a gente até se sentir culpado de não querer desviar os olhos dela de tão interessante que ela vai ficando, página após página. E por mais que nós vejamos nossos personagens favoritos sofrendo, por mais que nós já saibamos, lá no fundo, qual será o destino de cada um, a gente não consegue largar o livro e ir dormir sem saber quando essa bola de neve vai parar; e em cima de quem.

“Luxúria, o Lobo do Homem” envolve bem mais do que propõe o título. Fala sobre pessoas infelizes incapazes de consertar sua própria infelicidade, assim semeando-a em torno de quem as rodeia. É indescritível a sensação de aflição ao ver quão longe alguns personagens vão destruindo a própria vida e a dos outros, uma sensação que faz a gente pausar a leitura esperando que aquilo “atrase” o inevitável trágico desfecho. Mas, na verdade, é só a gente querendo aproveitar cada pedacinho do livro mesmo, porque quando acaba, esse livro dispara pro topo das nossas histórias favoritas.

É um livro que trata sobre ciúme. Sobre casamento, sobre namorados, sobre relações. Mas não amor. Não, amor é o que falta aqui. Amor, só o do Ronaldo mesmo pela sua paixão em escrever. Fala sobre abuso, sobre homofobia, e sobre julgamento também.

É raro um livro que, nos dias de hoje, expanda o nosso gosto e nosso ponto de vista com relação a tanta coisa. Ele te faz rir de nervoso, te faz sentir culpa por rir logo em seguida, te faz sentir pena de quem não deveria e dó por quem não pôde se salvar.

Essa é uma história profundamente realista, mas ao mesmo tempo, uma caricatura da sociedade. Afinal, em que mundo um jornal sensacionalista se chamaria “The Bad News”? Em um mundo doente.”

Alerta de gatilhos: Este livro contém cenas de abuso físico e sexual, violência moral, suicídio, preconceito e discriminação.