Investigações Filosóficas sobre Ética e Linguagem: dos fundamentos teóricos à práxis humana

O profícuo encontro entre Ética e Linguagem tem se tornado, cada vez mais, um lugar privilegiado de investigação filosófica. O esforço em busca de compreender como a Linguagem influencia nossa compreensão e a prática ética desemboca em questões interessantes sobre a natureza da moral e o modo como nos comunicamos sobre valores e anti-valores. Neste caminho, sem dúvida, é possível mergulhar em complexas nuances e diferentes perspectivas filosóficas que nos ajudaram a moldar nossa compreensão e atuação éticas.
Como se sabe, a Linguagem se tornou um instrumento de crucial valor para a Filosofia e, em especial, para o pensamento ético, desde os tempos remotos de Platão e Aristóteles. Por meio dela, podemos articular nossos conceitos epistêmicos e morais, sobre o mundo e sobre a ação humana, especialmente sobre o que pode ser considerado aceitável ou não em termos de valor. Contudo, essa tarefa não é simples. A Linguagem é marcada pela ambiguidade e pela polissemia, limites que, com muita frequência trazem grandes desafios para a comunicação, o fazer filosófico e o próprio discurso ético.
Um ponto crucial neste esforço de pensar o discurso ético e seu lugar na investigação filosófica, especialmente levando em conta as conexões entre Ética e linguagem é a tensão existente entre o que se pode chamar de “prescritivismo” e “descritivismo”. O primeiro assume que a Linguagem tem um papel ativo e decisivo na formação da vida moral dos indivíduos, orientando suas ações e condicionando seu pensamento ético. Já o segundo, acentua o modo como linguagem reflete as convicções éticas e seus postulados. Neste caso, a Linguagem é como um espelho, um reflexo, das normas e valores da sociedade. Ela reflete o modo como as pessoas pensam e agem.
Atentos a estas demandas e procurando expandir ainda mais a discussão os autores e autoras desta obra abordam temas que vão do pensamento medieval e da filosofia natural em Galileu às questões relativas à justiça social, aos direitos e deveres em John Rawls, as raízes da ética em Bakhtin, o pensamento de Hobbes e a empatia em Edith Stein. O percurso resulta numa profícua coletânea com consideráveis intuições de filosofia da ação, ética e temas afins.
Convidamos as leitoras e leitores desta obra, não apenas à apreciação do valioso conteúdo que nela se pode encontrar, mas, sobretudo a fazerem da leitura dos textos aqui publicados uma oportunidade para entrarem no debate/discussão dos temas e desafios abordados. Considerando, sobretudo, que o pouco que já foi dito, mais do que esgotar, tem sempre a delicada tarefa de lembrar que o dizer não foi esgotado.