SOFI(A)SC0

SINOPSE

SOFI(A)SCO não é apenas uma voz. Na verdade, é um GRITO que ecoa no deserto de nossa sensibilidade frente a um mundo insano. Sua voz é uma voz dos provérbios que nos vêm professar a sensatez de uma verdade:

O provérbio
prova o verbo
de certa
sensatez

Contudo, nos perguntamos que verdade é essa que seria capaz de romper com a insensatez do mundo? Um mundo que de tão ludibriado se faz de surdo a ponto de achar chata a verdade inoculada num provérbio. A verdade, por sua vez, que o sujeito lírico nos propõe dizer em sua voz profecial, ou melhor, é através de sua criativa linguagem, é a que é espelhada diante de seus olhos por um mundo tomado pela insanidade do consumismo que não só minimiza o ser, mas o animaliza:

em verdade em verdade vos digo
é
fato

quem

não

consome

some

no

anonimato

sem

nome

se esquiva

como

rato

Um mundo tirânico e insólito no qual as relações se liquefazem do que há de mais humano nelas, pois evaporam delas a suavidade, a sutileza do gesto amigo e acolhedor, para serem substituídas pela rigidez, pela brutalidade e pela ignorância que em nenhum momento cria afetividades entre os seres, mas só as destroem. Como nos faz ver o poema abaixo:
com os porcos
cachorro come
nem por isso
deixa de rosnar

Desse modo, das verdades que estes versos nos vêm profetizar, ele nos sugere que não podemos perder o senso de justiça diante de um mundo atravessado pela cegueira que encarcera o indivíduo num circuito-fechado, inconsequente e arracional. Ou seja, num jogo vil e fútil em que é preciso consumir para SER e TER sua IDENTIDADE reconhecida socialmente, não importa a que custo, ainda que, para isso, corra o risco de ter sua humanidade desintegrada:

como só homem
como só me
come some
com soooo m
consome
como some
ome

Dessa maneira, ainda que lógica insensata deste mundo insano nos reprima com as vestes da falsidade, da inveja, da usura, ele acredita que a ternura poderá resgatar-nos ao fazer das relações um gesto mais humano:

Sensato ‒ agir com leveza
frente à falsa hipocrisia
Dom nos graça a natureza
ser terno no dia a dia

Nesse sentido, SOFI(A)SCO um GRITO contra um mundo em crise, não apenas econômicas. É um ALERTA para a maior de nossas crises, a crise de humanidade. Visto que nos deixamos ser tomados pelas insanidades, tiranias e hipocrisias engendradas por uma Filosófica que dita o modo como ser e viver no mundo. Assim, a voz profecial deste sujeito lírico nos surge corrosiva, reflexiva e instigante, pois suas palavras (som, forma visual, carga semântica), por assim dizer, são colocadas milimetricamente para cumprir sua função: fazer-nos pensar sobre nossa própria condição no mundo. (autor)