A Gruta Hemática e o Movimento Poético Sublevarista — Sexta parte

Assim como nos demais livros de poesia do autor Juiz-forano Alan Alcântara, este é divido por algumas segregações temáticas: “A greve dos eus líricos”; “Uma parede de sangue entre nós”; “À margem corpulenta dos meus passos perecidos”; “A suspensão de todo aquele apego”; “Quando o sono perfura e corta a falsa esperança”.
O poeta alinha-se a um estilo literário por ele nomeado de sublevarismo poético. Sua poesia é marcada por versos que, por viés de uma metalinguagem, tendem a criar um eu-lírico que recusa a própria poesia e o poeta que o escreveu, já que, hipotética e alusivamente, a voz lírica majoritária em suas poesias é composta por uma espécie de Galatéia que vai de encontro a Pigmalião. Tal perspectiva tem o enfoque específico na sublevação da invenção contra aquele que a produz. Assim, ocorre alusivamente uma espécie de autonomia da voz poética que oscila entre todo conteúdo dos versos que, em sua maioria, podem ser observados por suas características enciclopédicas, por abrangerem várias temáticas existentes. A partir dai ocorre uma espécie de cabo de força entre a voz poética e o conteúdo enciclopédico, cada qual puxando para si os versos. Essa proposta de metalinguagem em que o eu-lírico questiona o próprio poeta sustenta as tentativas de sublevação do eu-lírico, ainda que os dois tenham a mesma genealogia.
Sendo assim, em suma, o trabalho suscita uma interpretação do mito de Galatéia, porém com uma estátua que, ao ganhar vida, opõem-se para que possa, dessa forma, acentuar as suas próprias forças e aspirações. Ademais, é provável que encontre em suas várias poesias temas que abarcam diferente conteúdo da história humana, uma vez que a diversidade temática e metafórica de sua poesia é vastíssima, como elucidado num dos eixos centrais do movimento.