A Gruta Hemática e o Movimento Poético Sublevarista — Quinta parte

O psicólogo Juiz-forano Alan Alcântara, devido a sua estratégia e estilo de escrita, apresenta trabalhos poéticos pautados no Movimento Poético Sublevarista, inaugurado por ele. Tal movimento apresenta, em seus poemas, uma espécie de voz lírica que, apesar de não ter certidão de nascimento, permanece como organização sistêmica e traidora, que atua e aflora atravessadamente do conjunto de signos que compõe o sistema de escrita, mostrando seu caráter em pleno desequilíbrio, mas que, apesar de tudo, ultrapassa as barreiras da inexistência, constitui-se e pode ser interpretada, ainda que em seu contragosto.
Essa voz dispõe-se de modo particular, alusivamente próprio, no qual o poeta vem consecutivamente trabalhando a questão hipotética de que existe uma voz poética feminina que se volta contra o seu inventor, no caso, o próprio poeta que a escreve. A voz lírica sublevarista é uma instância que produz a enunciação que cria um embate com o próprio poeta. Ela não só se afasta completamente da figura dele, como o repele e se mostra ingrata com o próprio ofício poético, executado por ele.
Existe, assim, uma espécie de pêndulo que usa um peso que oscila regularmente, movendo-se para trás e para frente, preso à subjetividade do autor e da suposta voz-lírica, em espaços de tempos imprecisos, pouco iguais, nos quais são travadas espécies de cizânias entre o poeta e a voz lírica. No quinto volume de “A Gruta hemática e o movimento poético sublevarista”, o qual é subintitulado como: “As Aljavas perdidas nos escombros de gelo”, existem três segregações temáticas distintas: “As estalactites de gelo”, “Os ponteiros congelados de um relógio” e “As Aljavas perdidas nos escombros de gelo”.