CULTURA ESCOLAR, MEMÓRIA E SENSIBILIDADES NO COLÉGIO ALFREDO DANTAS (1945-1975)

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Autores: Maria Letícia Costa Vieira,

Prazo de produção: até 7 dias úteis
REF: ut32648 Categoria

Sinopse

Excelente trabalho que problematiza a história do Colégio
Alfredo Dantas no contexto histórico de 1945 a 1975, gestão do
proprietário e professor Severino Loureiro, apoiador do regime
militar. A dissertação é composta por diversas memórias
institucionais, de sujeitos escolares que percorreram suas
escadarias, entraram em suas salas de aula, andaram em seus
corredores, mas também viveram períodos (in)tensos de
disciplinamento e modelação, conforme atesta Letícia. Organizada
em três capítulos, a dissertação apresenta as simbioses existentes
entre a cidade de Campina Grande e o Colégio Alfredo Dantas, as
pedagogias urbanas sendo desenhadas nas festividades de 7 de
setembro ou no cinquentenário do Ginásio AD, as alianças entre a
Ditadura Militar e as práticas pedagógicas, entre o autoritarismo e
a governança, entre a tradição e a traição, entre as diretrizes
educacionais a partir do contexto político que envolve e a
instauração da Ditadura Militar, entre os incentivos em prol da
educação profissionalizante, as LDB’s de 1961 e 1971 e suas inferências diretas e indiretas na educação.
Há um bom diálogo com as fontes e os documentos
normativos desde o primeiro capítulo, quando Letícia contextualiza
a instituição, as escolas anexas (marco da instituição) e o ensino
profissional, assim como a relação da instituição com a cidade de
Campina Grande. Essa sua preocupação com as fontes foi notada,
também, no segundo capítulo, momento em que descreveu o
educador intelectual Severino Loureiro, investigando seus
caminhos de formação, sua trajetória como professor e gestor, seus
percursos dentro do universo educacional campinense e paraibano,
dando visibilidade à sua vida profissional e intelectual em várias
instituições na Paraíba. E no terceiro capítulo conseguiu refletir
sobre a relação entre cultura escolar, ditadura militar e práticas
educativas do GAD, discutindo o cenário nacional militar e as
experiências escolares que ele gestou, para docentes e discentes do
CAD.
Texto bonito e poético que mostra a missão do educandário
desde sua fundação, que se propunha em desenvolver na urbe
condições para formar cidadãos que respondessem as necessidades
que vinham em consequência do seu ideal de crescimento
comercial. Educar os filhos da Rainha, higienizá-los, torna-los
profissionais técnicos, normalistas, contadores de números e causos. Adentrar na vida profissional e intelectual do Professor Severino
Loureiro é uma maneira de ler a cidade pelas lentes de um professor
atento às transformações pelas quais o Brasil passava, homem que
participava de várias redes de sociabilidade importantes para o
desenvolvimento do CAD e da educação campinense. Não o
conheci pessoalmente, mas o conheci pelos discursos e por você,
pois a história do professor Loureiro foi sendo recontada a partir
das passagens dele em várias cidades e instituições educativas no
interior paraibano. Você foi atenta e mostrou que a trajetória de
Loureiro reverbera na missão de educar uma cidade para o
crescimento, imbrincada nas marcas e vestígios da Ditadura Militar
e nos mecanismos de repressão e silenciamento, de apagar,
inclusive, as marcas de uma educação protestante ou, pelo menos,
laica, e imprimir as vozes religiosas do catolicismo nos programas
escolares.
O peso da memória na construção do Colégio – A memória
e o arquivo escolar são as fontes principais da pesquisa,
evidenciando movimento de salvamento da memória por meio do
registro e análise, não apenas em textos, mas nas palavras, imagens,
gestos, objetos. Entre as falas, principalmente de Cleonice,
Adoniram e Goreti, ecoaram marcos afetivos com o CAD,
representados nas participações em desfiles cívicos, festividades escolares, aulas, reuniões, traços de um contexto educacional que
marcou a trajetória dos depoentes, mas, também, apareceram os
rastros de repressão, de punição, de despoderamento. Cleonice,
Adoniram e Goreti constituem um arquivo à parte, pois
conseguiram ir além da história festiva, da memória afetiva, e
mergulharam em outros vãos memorialísticos.
Seu texto faz conexões diversas que incluem o contexto das
reformas educacionais e seus efeitos na dinâmica escolar de
Campina Grande, a partir do CAD. Estudar as duas Ditaduras
(1945- 1975) e as políticas educacionais do Estado ditatorial
implica reconhecer a importância da educação e suas influências na
política, o que se torna imprescindível em nosso estudo. Como
disse Maria Goretti e outras vozes presentes em sua dissertação,
eram tempos autoritários que perpassaram este período e foram
sentidos a partir do exercício constante da disciplina, na
obrigatoriedade do hino cantado, nos fardamentos enviesados pelas
demarcações militares, nos discursos do gestor Severino Loureiro
em prol da pátria e da família, até indicações dos militares a respeito
dos professores que ficariam responsáveis pelo componentes
curriculares ‘Moral e Cívica’ e ‘OSPB’, disciplinas decorrentes das
imposições feitas com as LDB’s, além de uma forte tendência
tecnicista que contemplava a educação de todo o Brasil nesse recorte temporal. A cultura escolar do CAD possui intensas
conexões com o período ditatorial e Maria Goretti trouxe essa
página vívida para o seu texto, a exemplo de traços de inibição para
falar do contexto da juventude, memórias que causam mal-estar e
medo, um profundo silenciamento e corpos retraídos.
Podemos dizer, a partir da dissertação de Letícia, que foi
pelas vias da educação que muitos corpos foram atingidos pelos
tentáculos da Ditadura Militar. Problematizar esses efeitos fez parte
dos objetivos da pesquisa, entendendo como foi ser professor e
aluno num contexto de repressões, tensões, divergências, violências
e silenciamentos. Ser gestor em Campina Grande nesse período era
se conectar com os ditames dos militares? Que outras vias estavam
acessíveis para fugir do militarismo escolar? Que estratégias
Severino Loureiro podia utilizar para não ser fiel à extrema direita
daquele contexto? A despeito de tudo, temos uma certeza: Severino
Loureiro possui uma trajetória louvável como educador, como um
homem que conectou pedagogias e gerações, cidades e livros,
andanças pelas estradas e pelas leituras. O CAD possui o seu DNA.
Que outros severinos estão além daquele que compõe a
mesa de madeira robusta, repleta de papéis, correspondências e atas
empilhadas? Que outros severinos sentiram o cheiro de móveis
antigos e de paredes enfeitadas com os retratos dos desfiles cívicos? Letícia conseguiu nos apresentar um Severino, o vencedor, o
possível, o que foi desenhado pelas palavras, imagens e gestos dos
papeis e cartas estrategicamente guardados nos arquivos do CAD.
Mas existem outros que, por motivos diferentes, foram silenciados
e não revelados a nós. Parafraseando João Cabral de Melo Neto, eu
pergunto: São muitos severinos iguais em tudo na vida? Não, são
muitos, mas não iguais em tudo. Uns foram guardados nos arquivos,
outros apagados, riscados, escondidos. Quem sabe, se no doutorado,
apareçam os outros severinos.
Professor Dr. Iranilson Buriti.

Informações adicionais

Peso 0,3688965 kg
Dimensões 14,7 × 21 × 1,6 cm
Nº Páginas

300

Capa

Fosco, COM orelha

Data da Publicação

07/05/2023

Impressão

Preto e Branco (Papel Offset)

Tamanho

Editora

Autor(a)

Faixa Etária Recomendada

SEM CLASSIFICAÇÃO

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