Hogwarts

Minha História – JK. Rowling
Desde que me lembro, eu queria ser um autor, e estou mais feliz sozinho na minha sala de escrita inventando coisas.

Eu cresci em uma pequena aldeia na fronteira entre a Inglaterra e o País de Gales e escrevi minha primeira história quando tinha seis anos sobre um coelho chamado “Rabbit” e, quando eu tinha onze anos, escrevi meu primeiro “romance” sobre sete diamantes amaldiçoados e as pessoas que os possuíam. Estudei francês e clássicos na Universidade e passei um ano em Paris como parte do meu curso.

Alguns anos depois, em 1990, depois de me mudar para Londres, eu estava sentado em um trem atrasado de volta para casa de Manchester quando, de repente, tive a ideia de um menino bruxo que foi para a escola de bruxos. Harry Potter e Hogwarts surgiram do nada na mais forte onda física de excitação, e ideias vieram à minha cabeça. Eu simplesmente sabia que era algo que eu adoraria escrever, mas naquele dia eu estava sem caneta pela primeira vez na minha vida, então quando eu me sentei lá no trem, eu tive que confiar em imaginar os detalhes, a maioria dos quais acabou estando nos livros.

Desde o início eu sabia que haveria sete livros e eu tinha toda a história traçada desde o início. Levei cinco anos para escrever o primeiro livro da série, Harry Potter e a Pedra Filosofal. Nesse tempo, a minha mãe tinha morrido, eu tinha-me mudado para Portugal para ensinar inglês, casado e tive a minha primeira filha Jessica.

O casamento não deu certo e eu me mudei com Jessica e os três primeiros capítulos de Harry Potter em uma mala, para Edimburgo, na Escócia, onde minha irmã morava. Lá eu treinei e ensinei como professora de francês, mas continuei a escrever em todos os momentos livres que tive, principalmente em cafés ao redor da cidade, enquanto Jessica dormia em seu carrinho de bebê.

Tendo terminado o manuscrito completo, enviei os três primeiros capítulos a vários agentes literários, um dos quais escreveu de volta pedindo para ver o resto. Honestamente, foi a melhor carta que já recebi na minha vida.

Demorou um ano para o meu agente Christopher Little encontrar uma editora. Muitos deles recusaram. Então, em junho de 1997, a Bloomsbury publicou Harry Potter e a Pedra Filosofal sob o nome de J.K. Rowling. O “K” significa Kathleen, o nome das minhas avós paternas. Eu adicionei e usei as iniciais a pedido da editora, pois eles disseram que isso tornaria os livros mais atraentes para os meninos.

O livro foi publicado nos EUA um ano depois, em agosto de 1998, com um título ligeiramente diferente (novamente a pedido da editora), Harry Potter e a Pedra Filosofal. Foi nesse momento que minha vida mudou para sempre e os livros decolaram em grande estilo.

Os próximos seis livros da série Harry Potter me levaram quase mais 10 anos para escrever e publicar, com os filmes baseados nos livros lançados entre as publicações. Quando terminei de escrever o último e sétimo livro da série, em 2007, no Balmoral Hotel, em Edimburgo, eu morava com Harry há dezessete anos.

Os livros já foram traduzidos para mais de 80 idiomas diferentes, incluindo latim, hebraico e galês, e gravados como audiolivros em quase tantos idiomas. Eu também escrevi três livros curtos de “Biblioteca de Hogwarts” para caridade: Quadribol Através dos Tempos e Animais Fantásticos e Onde Habitam em ajuda ao Alívio Cômico, e Os Contos de Beedle, o Bardo, em ajuda a Lumos.

Depois de terminar a série, decidi ter uma mudança de escrever livros infantis e escrevi um romance para adultos, ambientado no mundo real. The Casual Vacancy foi publicado em 2012 e adaptado para a televisão em 2015. Eu também comecei a escrever ficção policial, que eu sempre quis tentar, e em 2013 consegui publicar um romance policial com outro nome, sem que ninguém soubesse que era eu. “Robert Galbraith” foi posteriormente revelado ser o meu pseudônimo de escrita criminal. No entanto, continuei a escrever a série Cormoran Strike com esse nome. Atualmente, existem cinco livros na série com mais por vir, e cada um foi adaptado para a TV pela BBC e HBO.

“Consegui publicar um romance policial com outro nome, sem que ninguém soubesse que era eu.”

Em 2016 voltei ao mundo bruxo que havia criado. Trabalhei com o dramaturgo Jack Thorne e o diretor John Tiffany para continuar a história de Harry em uma peça teatral, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, que estreou em Londres, seguida pelos EUA e Austrália.

Eu também escrevi o roteiro do filme Animais Fantásticos e Onde Habitam, que foi um processo e uma experiência muito diferentes de escrever um romance. Foi a primeira de uma série de novas aventuras, ocorrendo antes da época de Harry Potter, com o magizoologista do mundo bruxo Newt Scamander, o “autor” do livro que criei para a Comic Relief em 2001. O segundo filme, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, foi lançado em 2018.

Em 2020, decidi lançar meu conto de fadas The Ickabog em parcelas on-line gratuitas, para ajudar a entreter crianças, pais e cuidadores confinados em casa durante o lockdown da Covid-19. A resposta foi fenomenal e me lembrou o quanto eu amo escrever para crianças. Do envolvimento dos leitores à avalanche de fotos das crianças submetidas ao concurso de ilustração, compartilhar The Ickabog foi uma experiência maravilhosa durante um período muito sombrio para todos nós.

“O Ickabog foi uma experiência maravilhosa durante um período muito sombrio para todos nós.”

Agora foi publicado como um livro e traduzido para 26 idiomas, cada edição ilustrada pelos vencedores do concurso de ilustração. Estou doando meus royalties do livro publicado de The Ickabog para meu fundo de caridade, Volant, que os distribui para instituições de caridade que apoiam grupos particularmente atingidos pela pandemia de Covid-19 no Reino Unido e internacionalmente.

Meu mais recente romance infantil O Porco de Natal, uma história de aventura independente sobre o amor de um menino por sua coisa mais preciosa e até onde ele irá para encontrá-la, está disponível agora.

Ao lado da minha escrita e da minha vida familiar, a minha outra prioridade são as instituições de caridade e causas que apoio. Meu fundo de caridade, Volant, foi criado para ajudar mulheres, crianças e jovens em risco. Eu apoio a pesquisa e o atendimento ao paciente para Esclerose Múltipla através da Clínica de Neurologia Regenerativa Anne Rowling em Edimburgo, em homenagem à minha mãe, que morreu da doença. Eu também sou o fundador e presidente da instituição de caridade infantil internacional Lumos, que luta pelo direito de cada criança a uma família, transformando os sistemas de cuidados em todo o mundo, para que eles sejam criados em um lar seguro e amoroso, apoiado pela família para ajudá-los a prosperar.

Eu moro na Escócia com minha família e dois cachorros.