Inescapáveis Madrugadas

Este é um livro em formato de cartas, as quais, quando aquela que escreve não dorme, ou está profundamente perturbada, a escrita é a única ferramente disponível, algo que lhe vem, cabe a ela decidir escrever ou não, pois as palavras estão ali.
Cartas são significativas, comunicam algo a alguém, comunicam o sofrimento, comunicam o desespero e o medo de alguém que se vê de frente com a morte. Mais do que isso, ela tenta comunicar sua visão de mundo, aquilo que espera do mundo e dos acontecimentos, pois em raros momentos de lucidez ainda há lugar para a esperança.
Assim como o volume anterior, não o escrevo porque decidi, escrevo porque meu peito pede por isso, de modo que um acontecimento, ou até mesmo a mera escuta de uma palavra, é o suficiente para que eu regurgite as palavras no papel.
Mas apesar de parecer algo bonito e desejável, isto descreve momentos que por vezes curam, por vezes aprofundam a dor. Nunca tenho como saber qual destes momentos se seguirá quando começo a escrever, descubro no processo, por bem ou por mal.
De qualquer modo, estando os contos escritos, venho então a publicá-los ao invés de engavetá-los, pois creio que a literatura tem um poder que excede qualquer expectativa, então um mundo repleto de livros – e dos mais diversos livros, pois há uma diversidade incrível de pessoas – é um mundo onde cada um pode achar seu lugar, seus semelhantes.